sábado, 9 de julho de 2011

A melhor defesa é tomar posse de si mesmo.
Quem faz isso, impede que os outros interfiram em sua vida.
As pessoas tem tudo para libertar-se dos problemas, mas sao elas que preferem determinados caminhos. A vida dá-lhes a liberdade de escolher.
Assim, cada um vai aprender por si mesmo.

(Zibia Gasparetto)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

quinta-feira, 7 de julho de 2011

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Ela tem um desejo de mulher. Desejo de quê? Mas do Todo, do Grande Todo Universal.

(…)

A este desejo imenso, profundo, vasto como o mar, ela sucumbe, e deixa-se nele adormecer. Neste momento, sem lembranças, sem ódios nem pensamentos de vingança, inocente apesar de tudo, ela adormece na planície, confiante e entregue tal como a ovelha ou a pomba, descontraída e aberta, e se ouso dizer, apaixonada.

Ela dormiu e sonhou…o mais belo sonho. E como dizê-lo? É que o monstro maravilhoso da vida universal, estava nela contido; e para lá da vida e da morte, tudo se mantinha no seu ventre e  ao fim de tantas dores ela deu à Luz a Natureza” *



in AS FEITICEIRAS - J. Michelet
A figura da feiticeira é tão antiga quanto a  própria humanidade, remonta aos tempos
pagãos e matriarcais,  quando revestia-se de valores positivos. É descendente da Grande Deusa
Mãe e, no princípio, seu corpo jovem e sexuado é feito para o prazer e para  a maternidade.
Segundo Brunel, “seu poder é total  - preside a vida e a morte, vela pelas colheitas, governa os
elementos e também os homens” (p.349). Seu aspecto multifacetado a ligará a variadas
divindades femininas: “Ísis, no Egito; Istar, na Assíria, Astartéia na Fenícia, Innana, na Suméria. Sua
essência a conecta, ainda, a Circe, senhora das metamorfoses e a Cassandra, a grande vidente
(Brunel, p. 349). Mas as sociedades patriarcais cobrarão muito caro por essa plenitude, e o mito
será revestido de valores negativos.


De uma época de ouro, pagã e matriarcal, revestida de plenitude, adentra-se a decadência
e a degeneração que se impõe com o patriarcado. Ao longo dos tempos as feiticeiras foram
perseguidas, torturadas e queimadas vivas, foram objeto de bulas pontifícias e do terrível Malleus
Maleficarum, cuja sofística não deixava à acusada nenhuma possibilidade de defesa. O
cristianismo aliou-as à figura do diabo, a cujo culto estariam dedicadas. Envelhecida e
demonizada, a maga adentra  o folclore e se oculta nos limites das florestas, colhendo plantas,
versando-se nos seus efeitos secretos e cozendo misturas poderosas.
(Ramira M. S. da Silva Pires)

terça-feira, 5 de julho de 2011

Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar"

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

domingo, 3 de julho de 2011

Que me desculpem os desesperados, mas solidão é fundamental para viver.
Sem ela não me ouço, não ouso, não me fortaleço.
Sem ela me diluo, me disperso, me espelho nos outros, me esqueço.
Não penso solto, não mato dragões, não acalanto a criança apavorada em mim, não aquieto meus pavores, meu medo de ser só.
Sem ela sairei por aí, com olhos inquietos, caçando afeto, aceitando migalhas, confundindo estar cercada por pessoas, com ter amigos.
Sem ela me manterei aturdida, ocupada, agendada só para driblar o tempo e não ter que me fazer companhia.
Sem ela trairei meus desejos, rirei sem achar graça, endossarei idéias tolas só para não ter que me recolher e ouvir meus lamentos, meus sonhos adiados, meus dentes rangendo.
Sem ela, e não por causa dela, trocarei beijos tristes e acordarei vazia em leitos áridos.
Sem ela sairei de casa todos os dias e me afastarei de mim, me desconhecerei, me perderei.
Solidão é o lugar onde encontro a mim mesma, de onde observo um jardim secreto e por onde acesso o templo em mim.
Medo? Sim. Até entender que o monstro mora lá fora e o herói mora aqui dentro.
Encarar a solidão é coisa do herói em nós, transformá-la em quietude é coisa do sábio que podemos ser.
Num mundo superlotado, onde tudo é efêmero, voraz e veloz a solidão pode ser oásis e não deserto.
Num mundo tão estressado, imediatista, insatisfeito a solidão pode ser resgate e não desacerto.
Num mundo tão leviano, vulgar, que julga pelas aparências e endeusa espertalhões, turbinados, bossais, a solidão pode ser proteção e não contágio.
Num mundo obcecado por juventude, sucesso, consumo a solidão pode ser liberdade e não fracasso...

Ouse a solidão e fique em ótima companhia.

Hilda Lucas