sábado, 28 de janeiro de 2012

...O que o dia queria dela, trazendo as cores do olhar do passado? Não queria mais aquilo.Tava cansada.Ficou lembrando cenas que nem quis contar porque deu raiva. Que se assim o fim, melhor que assim o fosse.Mas sabia mesmo é que o verde que viria, reflorestaria aqueles olhos de imensas esperanças.Achou boa a sensação que a imagem trouxe e guardou num gesto: fez um movimento de mãos no ar e trouxe pro peito.Sorriu e calou. (E os olhos permeados do mistério bom).

Subitamente, a sensação de chegada de um outro alguém já era presença.Foi custoso pra ela entender o que uma pessoa podia trazer de novidade e poesia só por sorrir daquele jeito de quem se entrega à risada. Tinha bonitezas demais naquele interesse dele: arregalava o corpo pra ouvir a frase que ela dizia, sem precisar escolher o tema_ era só elogiar o céu ou o mar, ou a cor dos dois.

(E, na soberania dessa simplicidade, a coisa toda se deu.)
Marla de Queiroz

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Cada um fez o que pôde diante do que sentia, por isso desaprendi aquele apego que eu tinha a nossa história, à importância da tua companhia, (escolhi esse vento na cara e a canção alegre cantada aos berros levando a mão ao peito pra me amparar do que quase dói no refrão), tuas coisas eu não sei se deixo naquele endereço ou te devolvo pessoalmente e peço inda o reembolso, um último abraço...(pra que a gente se espalhe, se expanda,até que a distância seja suportável, até que nem isso, que nem se pense em nada mais)...só tenho achado que você anda calado e tristonho, só tenho achado que às vezes fico calada e tristonha, (não é saudade é uma mania que eu tenho de recordar o que foi bom), hesito em devolver as tuas coisas pra não ter que me despedir do teu olhar novamente, (logo agora que eu quase já nem lembro mais do dia em que segurei nas pontas da saia longa e corri pro mar, na chuva, com a liberdade de quem dança nua e, depois, aquele nosso último beijo,só mais um, combinamos, só mais uma vez),e depois eu voltando pra casa impregnada de sal, areia e despedidas...
Um último abraço, quem sabe, e eu devolvo o que ficou de ti, aqui.
(E você me reembolse essa distância com uma última poesia... ou com algo mais forte que esgote definitivamente esse adeus).
Marla de Queiroz

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

"Quando fala o amor, a voz de todos os deuses deixa o céu embriagado de harmonia." William Shakespeare

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

"Herege não é aquele que arde na fogueira, e sim aquele que a acende." William Shakespeare

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Saudades

Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...

Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro...

Sinto saudades do futuro,
que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e nem apareceu;
de quem apareceu correndo,
sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!

Daqueles que não tiveram
como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre!

Sinto saudades de coisas que tive
e de outras que não tive
mas quis muito ter!

Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.

Sinto saudades de coisas sérias,
de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!

Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!

Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

Sinto saudades das coisas que vivi
e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo,
em italiano, em inglês...
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando
estamos desesperados...
para contar dinheiro... fazer amor...
declarar sentimentos fortes...
seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples
"I miss you"
ou seja lá
como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima corretamente
a imensa falta
que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência...
Clarice Lispector

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

'Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros'. Che Guevara

domingo, 22 de janeiro de 2012

- Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A princesa do conto: "Era uma vez..."

Florbela Espanca