sábado, 22 de janeiro de 2011

like lovers

Entre tantos outros
Entre tantos séculos
Que sorte a nossa hein?
Entre tantas paixões
Nosso encontro
Nós dois, esse amor.
Vanessa da Mata

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Hoje


Hoje estou desatando da memória as imagens de amor.
As minhas, as nossas imagens de amor,
porque as coisas são como são:
no momento em que escrevo e no momento em que você lê,
abrimos esses arquivos de imagens geradas a partir do amor, que são
- vamos admiti-lo antes que seja tarde,
- os nossos arquivos prediletos.
Tudo o que realmente nos interessa está arquivado ali.
Na câmara escura das nossas recordações.
Imagens que vamos recolhendo vida afora.
Elas têm nome e uma história para contar, cada uma delas.
E nostalgia.

Nada mais é do que a saudade da emoção vivida,
num determinado momento que passou veloz.
Emoções e emoções e ainda tanta emoção a ser vivida!
Muito além dos indivíduos, além das particularidades.
E todas essas químicas se processando no nosso corpo,
pois há quem diga que amor nada mais é do que uma sensação provocada,
para evitar a loucura da espécie e perpetuar o predador.
Uma ilusão passageira, uma descarga de substâncias certas no sistema.
Lubrificação.
Cuidados com a máquina.

Seja lá o que for, andei tomando resoluções práticas para a existência.
Porque nunca mais nesta vida quero ter saudade de beijo.
Nunca mais a nostalgia daquele mundo de línguas
dançando balé no céu das nossas bocas.
Nunca mais!

E juro que nunca mais nesta vida quero tentar entender o amor.
Quero deixar que ele passe por mim, como um pé de vento
que sopra folhas e poeira num arranjo aprumado.
Eu fico ali, no meio do redemoinho, só achando tudo muito bom.
Depois, o amor se vai e a gente continua a tocar a existência.
Assim é que deve ser.

Nunca mais nesta vida quero gente se indo. Já está de bom tamanho.
Coração da gente vai absorvendo os golpes:
que são muitos e de todos os lados, sempre.
Com quase todo mundo é assim.
De repente, as pessoas começam a ir embora, por morte matada e morrida,
por desamor, por tristeza, por ansiedade, por medos diversos,
seu coração vai recebendo as pancadas e uma hora dá vontade de dar um berro,
sair vomitando as mágoas todas que a gente foi engolindo.

Nunca mais gente partindo sem motivo aparente,
sem dar nome aos bois ou uma denúncia vazia.
Nesta vida, nunca mais!

E nunca mais, nesta breve passagem, a palavra não dita, o gesto parado no ar,
dissolvido antes do afago. Nunca mais a dose nossa de orgulho besta,
a solidão das noites perdidas por amor desenganado, o coração parado, à espreita.
Isso, não. Quanto mais o tempo passa, mais a urgência da felicidade ilusória
e da química do bem-estar, essas coisas todas que se operam em nossos íntimos.
Nunca mais.

Nunca mais um dia atirado ao nada,
nunca mais o verbo que não se completa,
todas as palavras que não foram ditas - verdades -, todas elas,
uma após a outra, formando frases, pensamentos, sentimentos,
amor costurando o texto,
que é linha que não refuga de jeito nenhum.

Nunca mais!
O coração se magoando todo o dia,
a gente engolindo sapos e lagartos e se esquecendo
de que é capaz de mudar cada uma das histórias,
reescrever o livro das nossas vidas.
Uma hora mais cedo e a cena teria sido outra ou o que teria acontecido
se você não tivesse ido àquele lugar, àquela noite,
o universo conspirava contra nós, ou a nosso favor?

Quem é que vai nos explicar?
Ninguém. Ou alguém.
Miguel Falabela

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

 Porque não morri, porque é verão, porque é tarde demais e eu quero ver, rever, transver, milver tudo que não vi e ainda mais do que já vi, como um danado. Caio Fernando Abreu

Mar

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

'Quis dizer não, mas porque a vida
é mágica e eu tinha esquecido,
sem saber porque disse sim'
Caio Fernando Abreu

Lua Cheia

Ela e o Mar


Seu marulho a embala,
suas ondas a envolvem e a levam.
Viaja por distantes lugares
Faróis abandonados,
rochedos escarpados.
Cruza oceanos.
Mergulha entre assombrados navios afundados.
Vem à tona coberta de alga e conchas.
Flutua, acompanhando o vôo das gaivotas.
Volta à praia e se deita na areia.
Sob a luz do luar espalha prateadas escamas ao seu redor...

lua crescente

Deusas

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Martha Medeiros

O amor que a vida traz...
Você gostaria de ter um amor que fosse estável, divertido e fácil. O objeto desse amor nem precisaria ser muito bonito, nem rico. Uma pessoa bacana, que te adorasse e fosse parceira já estaria mais do que bom. Você quer um amor assim. É pedir muito? Ora, você está sendo até modesto.

O problema é que todos imaginam um amor a seu modo, um amor cheio de pré-requisitos. Ao analisar o currículo do candidato, alguns itens de fábrica não podem faltar. O seu amor tem que gostar um pouco de cinema, nem que seja pra assistir em casa, no DVD. E seria bom que gostasse dos seus amigos. E precisa ter um emprego seguro. Bom humor, sim, bom humor não pode faltar. Não é querer demais, é? Ninguém está pedindo um piloto de Fórmula 1 ou uma capa da "Playboy". Basta um amor desses fabricados em série, não pode ser tão impossível.

Aí a vida bate à sua porta e entrega um amor que não tem nada a ver com o que você queria. Será que se enganou de endereço? Não. Está tudo certinho, confira o protocolo. Esse é o amor que lhe cabe. É seu. Se não gostar, pode colocar no lixo, pode passar adiante, faça o que quiser. A entrega está feita, assine aqui, adeus.

E agora você está aí, com esse amor que não estava nos planos. Um amor que não é a sua cara, que não lembra em nada o amor solicitado. E, por isso mesmo, um amor que deixa você em pânico e em êxtase. Tudo diferente do que você um dia supôs, um amor que te perturba e te exige, que não aceita as regras que você estipulou. Um amor que a cada manhã faz você pensar que de hoje não passa, mas a noite chega e esse amor perdura, um amor movido por discussões que você não esperava enfrentar e por beijos para os quais nem imaginava ter tanto fôlego.

Um amor errado como aqueles que dizem que devemos aproveitar enquanto não encontramos o certo, e o certo era aquele outro que você havia encomendado, mas a vida, que é péssima em atender pedidos, lhe trouxe esse e conforme-se, saboreie esse presente, esse suspense, esse nonsense, esse amor que você desconfia que nem lhe pertence. Aquele amor em formato de coração, amor com licor, amor de caixinha, não apareceu. Olhe pra você vivendo esse amor a granel, esse amor escarcéu, não era bem isso que você desejava, mas é o amor que lhe foi destinado, o amor que começou por telefone, o amor que começou pela internet, que esbarrou em você no elevador, o amor que era pra não vingar e virou compromisso, olha você tendo que explicar o que não se explica, você nunca havia se dado conta de que amor não se pede, não especifica, não se experimenta em loja - ah, este me serviu direitinho!

Aquele amor discretinho por você sonhado vai parar na porta de alguém para o qual um amor discretinho costuma ser desprezado, repare em como a vida é astuciosa. Assim são as entregas de amor, todas como se viessem num caminhão da sorte, uma promoção de domingo, um prêmio buzinando lá fora, mesmo você nunca tendo apostado. Aquele amor que você encomendou não veio, parabéns! Aproveite o que lhe foi entregue por sorteio.

Teia



domingo, 16 de janeiro de 2011

Escrever sobre voce

pra voce

por voce...


Viver

pra voce

por voce


Te ver

querer

te ter

acontecer...


Eu

voce


Caminho

sobre pétalas,

me corto

com teus espinhos


Eu

com voce

e sempre

sozinha