quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Gaia

Você sabe como eu sou desocupada,
que me encerro neste quarto e me permito
todas as divagações, fantasias
obsessões, todos os dias.
Você sabe que eu me viro de inventos,
que eu me reparto e dou crias,
que eu mal me resolvo e me aguento,
carrego pedras no bolso
e enfrento ventanias.

Você sabe como eu sou desorientada,
raciocíno pelo instinto e cometo
fugas de ladra

e percorro superfícies
em que você escorregaria

Você sabe como eu sou de subsolos,
subterfúgios, de subversos subliminares,
como eu sou de submundos
subteraneos, de sub-reptícias folias,
meio de circo, meio de farsa
ervas, panfletos, fluídos, presságios,
quebrantos, jeitos, gírias,
de sensações e cismas,de filosofias.

De como eu sou de estradas, andanças, pressentimentos,
atmosférica e vadia,
gato da noite, de crises.


Que eu sou de todas as misturas
todas as formas e sintonias
e enfrento esse aperto, essas normas,
forças, pressões, imposições,
o silêncio da maioria.

Você sabe de toda minha luta
mesmo quando a intenção silencia
que eu não cedo, não desisto
a todo custo, a toda faca, a todo risco
eu sobrevivo da paixão e de anarquia.

Você sabe bem da minha fraude
Você conhece as minhas alquimias.

Bruna Lombardi

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