segunda-feira, 7 de março de 2011

O baile da Vida

Eu gosto de praias desertas.
De longos silêncios.
Quantas vezes as palavras só nos confundem, nos afastam. Como é difícil explicar que foi preciso endurecer para sobreviver.
O coração tão pequeno, o arquivo de sentimentos lotado. De alguns relatórios amarelados já esquecemos, porém a marca que ele deixou é como machucado com a pele fina, qualquer esbarrão mais forte volta a doer.
A sociedade, as religiões, nos dizem : é preciso esquecer, perdoar, estar pronta para ouvir, ajudar, ser solidária ... mas ... e voce?
Não sentimos vontade de sermos egoístas e olhar pro nosso próprio umbigo?
Não dá uma canseira de ser boazinha?
Não dá vontade de deixar explodir o arquivo do coração, vendo voar saudades, amores, ressentimentos, sonhos desfeitos pra todos os lados, como uma chuva de confetes sem cor no baile da vida (que é meio madrasta), onde tantas vezes dançamos sem querer dançar?
Não dá vontade de falar quando alguém espera nosso apoio: "Hey, voce sabe tudo que escondo por insegurança ou desânimo de falar?"
Gosto de praias desertas.
De longos silêncios.
De tardes de chuva.
De lembrar que cada dia é um recomeço.

Artemisele

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