quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Certa vez,
o Mar desesperado
desiludido, sonhou que a Morte lhe rondava
feito um roda moinho.

Tragado pelas águas escuras
sugado por forças obscuras
foi salvo, "in extremis", pelo Amor de uma Sereia
que o amparando, reduzindo as águas, expulsou a Morte,
salvando assim o Mar de si mesmo.

Dez longos anos se passaram,
o Mar nunca mais se perdeu
e a Sereia, sonhada, entre as profundezas,
esquecida.. ...dormia.

Durante todos esses anos dormindo
a Sereia seguira seu triste Destino
o de aprender a amar, mesmo não existindo.

O Mar por sua vez fortalecido
mesmo se profundamente agradecido
se manteve sempre distante, daquele Amor quase Divino.

Tendo o Horizonte como destino,
e talvez por causa dos Ventos inconstantes
esqueceu, ou quem sabe nem percebeu
o que, um dia, no turbilhao do seu sonho
o salvara de seus medos..

e que uma Sereia-amor daquelas
uma Sereia sonhada,
só "existiria" ,( missão de toda uma vida.. )
no dia em que, ela por sua vez se perderia
nos braços do Mar, inundada.

(mas isso o Mar jamais saberia)

A Sereia, um dia sonhada
pelo tempo recompensada
no seu sono brincava...
pronta para o Mar

Mas um dia, dia de maré violenta
veio a grande Onda traiçoeira
e o Mar descuidado
nem percebeu, ou pouco se importou,
deixou por lá, no meio da areia
a valente Sereia semi adormecida

Fora d'agua,
desorientada a Sereia mal acordada
desconhecida para a Vida, esqueceu de respirar

E assim..

a Sereia inexistente
a Sereia invisível
jamais olhada
pronta pra ser amada

a Sereia salvadora
sem o Mar para ampara-la
pouco a pouco, sumia. ..

A Noite cobrindo o céu,
escureceu o Mar
e ao longe, o ultimo canto da Sereia
vindo dos grãos de areia, ecoou.

O Mar agitado,
um pouco incomodado
um pouco emocionado
...se calou.

E a partir desse dia
ele nunca mais sonhou.
Pat Lau

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